
Adolf Hitler(1889-1945)
Fundador do Partido Nazi e Chanceler da Alemanha (1933-1945). Nasceu na Áustria, em 1889. Durante a I Guerra Mundial (1914-1918) serviu com as tropas da Bavária, sendo ferido e condecorado com a Cruz de Ferro (primeira classe), por actos de bravura. Os conflitos da I Guerra Mundial se deram entre a Alemanha, aliada do Império Otomano (Turquia), Bulgária, e Império Austro-Húngaro, e as forças da coalizão composta por Grã-Bretanha, França, Rússia, Sérvia, Grécia, Roménia, Montenegro, Portugal, Bélgica, Itália, Japão e EUA. Com sua derrota, a Alemanha sofreu grandes prejuízos. O Tratado de Versalhes, de 1919, obrigava a Alemanha a arcar com as dívidas de guerra, abrir mão de territórios próprios e coloniais, e a submeter-se a um processo de desmilitarização. O Tratado também estabelecia a criação da Liga das Nações, tendo no comando os vencedores, e colocava sob o cuidado desta as colónias alemãs. Uma das consequências dessa política foi o empobrecimento do povo alemão e um enorme processo inflacionário da economia. Buscando as causas da derrota, parte da população a atribuiu aos judeus e aos comunistas, que não seriam fiéis à pátria. Esta crença em parte foi alimentada pela Declaração de Balfour, produto da acção sionista, e pela Revolução Russa, ambas do ano de 1917. Aproveitando esta situação económica e política, Hitler uniu-se a outros nacionalistas para fundar em 1920, em Munique, o Partido Nacional-socialista, ou Nazista. Em 1923, eles tentaram depor o governo republicano da Bavária através de um golpe, mas fracassaram e Hitler foi preso. Durante os nove meses que esteve na prisão, aproveitou a fama conquistada para escrever o Mein Kampf (Minha Luta). A obra, dirigida aos militantes do partido, resume a ideologia do Nazismo e faz uma análise dos factores que teriam levado a Alemanha à derrota; entre este Hitler coloca a diversidade racial do Império Austro-Húngaro, a mistura de raças, a corrupção da democracia e do liberalismo, e a acção política de judeus e comunistas. Como solução defende o isolamento racial, a centralização do poder, um estado militarista e intervencionista na economia, e a intolerância com a diversidade ideológica. O livro também dá lições sobre o comportamento psicológico das massas e como conquistá-las. O partido teve inicialmente apoio discreto, e mesmo era ridicularizado, mas com o aumento do empobrecimento da população trabalhadora, o discurso nazi começou a ter crescente aceitação, já sendo em 1929 uma poderosa força política. O anti-comunismo nazista atendia aos interesses das elites alemãs e de outros estados europeus temerosos do poder crescente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Hitler foi derrotado nas eleições de 1932 para a presidência, mas o eleito, Pres. Paul von Hindenburg, nomeou-o chanceler no ano seguinte. Hitler, então, dissolveu o Reichstag, a câmara baixa do parlamento alemão, e convocou novas eleições. Em 27 de Fevereiro, ocorre um incêndio no prédio do Reichstag e Hitler lança a acusação sobre os comunistas. A resposta popular foi uma enorme vitória dos nazistas, que já em Março deram a Hitler poderes ditatoriais. Acompanhado de outros nazistas como Goering, Himmler e Goebbels, ele passa a perseguir toda a oposição, além de minorias étnicas e religiosas. Em 1934, o parlamento alemão vota a favor da concentração das funções de presidente e de chanceler. Remilitarizando o país, Hitler consegue levar a Grã-Bretanha e a França a assinarem, em 1938, o Pacto de Munich, cedendo a região dos Sudetos, então território da Checoslováquia, para a Alemanha. O Presidente Benes, da Checoslováquia impotente renuncia, e o Primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Neville Chamberlain voltou à Londres afirmando ter conseguido a paz. Hitler aliou-se com Benito Mussolini, da Itália, por quem tinha pessoal admiração e de quem copiara o modelo de centralizado de administração do poder partidário; e com Francisco Franco, da Espanha, a quem ajudou na Guerra Civil Espanhola. A Áustria foi absorvida pelo "III Reich", e a Tchecoslováquia foi repartida. O governo comunista de Josef Stálin, da URSS, assinou com ele, em 1939, um pacto de não agressão, dando a Hitler a liberdade para invadir a Polónia, e iniciar a II Guerra Mundial. Já antes disso leis racistas foram estabelecidas e minorias étnicas (ciganos, eslavos, judeus, mestiços, etc.) foram perseguidas, junto com oposicionistas e outros grupos (homossexuais, Testemunhas de Jeová, comunistas, católicos). Milhões foram confinados em campos de concentração e mesmo mortos - o que veio a ser chamado de Holocausto. Em sua estratégia de guerra, a Alemanha forma com a Itália e Japão uma coalizão (o Eixo), contra a qual se voltam inicialmente a Inglaterra, a França e a Rússia e, depois, os EUA (os Aliados) e outras nações, inclusive o Brasil, sob o governo do Estado Novo de Getúlio Vargas. Hitler comanda as acções militares. Após vitórias iniciais, a Alemanha vai pouco a pouco sendo minada militarmente e já em 1944 os Aliados estão com franca vantagem. Mas Hitler insiste em continuar lutando, o que leva alguns militares, também nazistas, a fazer tentativas de assassiná-lo, escapando porém Hitler de todas elas. Numa dessas estava envolvido o General Rommel que, com o malogro da tentativa, foi forçado a se envenenar. Em 30 de Abril de 1945, Adolf Hitler suicida-se num bunker (uma fortaleza) em Berlim, junto com sua mulher Eva Braun.

Mussolini e Hitler
Hitler e a América do Sul.
Segundo o ex-embaixador Sérgio Correa da Costa, que serviu na Argentina entre 1944 e 1946, os nazistas tinham um projecto de redivisão territorial da América do Sul de bases raciais. Países predominante branco como a Argentina seriam os grandes beneficiados. O coronel nacionalista Juán Domingos Perón, que viria a se tornar um dos mais destacados líderes argentinos, teria declarado em 1943, algumas semanas antes de chegar ao poder, "Uma vez caído o Brasil, o continente sul-americano será nosso" e, "A luta de Hitler, na paz e na guerra, nos servirá de guia". A estratégia de Hitler para o Brasil seria fraccioná-lo e infiltrá-lo ideologicamente. Hitler teria declarado, em 1933, "Criaremos no Brasil uma nova Alemanha. Encontraremos lá tudo de que necessitamos". A estratégia para essa conquista teria a seguinte orientação, "Não desembarcaremos tropas como Guilherme, o Conquistador, para dominar o Brasil pela força das armas. Nossas armas não são visíveis. Nossos 'conquistadores' (...) têm uma tarefa mais difícil que a dos originais, razão pela qual disporão de armas igualmente mais difíceis". A ideia do estabelecimento de um domínio sobre as populações indígenas, negras e mestiças sul-americanas eram anteriores a Hitler; na Alemanha, teóricos teriam-se dedicado a projectos de ocupação de terras na América do Sul já desde o séc. XIX. As colónias germânicas existentes no Sul do Brasil, e em países como o Uruguai, Argentina e Paraguai, serviriam de base para uma 'Alemanha do Sul' nos projetos do nacionalista alemão Otto Richard Tannenberg, expressos num livro publicado em 1911. Durante o regime nazista, órgãos do partido dedicaram-se ao estudo do Lebensraum (espaço vital), o planejamento da distribuição das populações arianas pela Europa e pelo mundo. No Brasil, o partido nazista teria agido principalmente em São Paulo, onde a oposição a Getúlio Vargas era maior. Actuavam secretamente, organizando-se em células, sendo uma de suas lideranças K. von Spanus. Ter-se-iam infiltrado na polícia e perseguido e eliminado lideranças, principalmente de esquerda. Sérgio Correa da Costa cita o caso do assassinato de Tobias Warchawski, denunciado como uma acção nazi-integralista pela, nas palavras do autor, imprensa independente. O projecto de Hitler seria a incorporação de territórios onde houvessem minorias germânicas, por isso a política getulista (de Getúlio Vargas) de nacionalizar as comunidades com grande presença estrangeira, preocupava os nazistas e alimentava a ideia de fraccionar o país. Destaque nosso, os integralistas, embora se assemelhassem aos nazistas e comunistas na defesa de regimes hostis às democracias liberais, ao contrário dos nazistas eram defensores da integração racial, por isso seu nacionalismo nativista não agradava ao partido nazista. A ideia de ocupar terras fora da Europa para resolver problemas demográficos e conflitos étnicos, religiosos e raciais europeus não foi um caso isolado ocorrido entre nacionalistas alemães. A mesma ideologia de deslocamento e/ou eliminação da população nativa orientou as políticas de povoamento da América do Norte, da África do Sul, da Palestina, e, no Brasil, na entrega de terras ocupadas por quilombolas, populações indígenas e mestiças a imigrantes europeus