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Para variar um pouco e não estar sempre a martelar na mesma matéria de História, decidi escrever sobre alguém que viveu na época que estamos a estudar, que marcou a sua época, que é famoso em toda a Europeu, que é português, mas nunca é mencionado nos nossos livros nem é conhecido entre os seus.
António Manoel (no original) de Vilhena nasceu em Lisboa em data desconhecida de 1663, filho terceiro de um dos mais destacados heróis da Restauração: D. Sancho Manuel, 1º Conde de Vila Flor, notável nas batalhas da linha de Elvas e do Ameixial.
Perante a ausência de herança por lei de morgadio, ingressou cedo para a Ordem dos Cavaleiros Hospitalários de S. João de Jerusalém (ou de Malta, como depois se viera a chamar por se ter ido fixar na ilha de Malta). Na altura, esta Ordem possuía um papel extremamente relevante na defesa dos ataques muçulmanos à costa sul europeia devido à sua fabulosa posição geográfica, pelo que a sua instituição era muito tida em conta no contexto político europeu, tendo já, por inúmeras vezes, ajudado frotas europeias em casos de problemas militares ou na participação em ataques a cidades mouras ou suas frotas. A Ordem funcionava, assim, com base no poderio marítimo visto se ter fixado numa ilha.
Ainda novo, e seguindo a tradição militar da família, partiu para a ilha de Malta, onde iniciou a sua carreira comandando uma galé da frota maltesa. Nos primeiros anos, pouco se destacou, acabando mesmo por ser ferido. Contudo, em 1687, participa na campanha para a conquista do Peloponeso aos Otomanos, onde o seu valor sobressaiu de tal forma que foi nomeado Comissário do Armamento e das Guerras da Ordem. Dois anos depois é nomeado chanceler da Ordem e chefe da língua (conjunto de cavaleiros de uma região) de Castela e Portugal. Foi ainda Vedor do Tesouro e Governador de S. João do Acre.
Em 1722, D. António de Vilhena é nomeado por unanimidade do Conselho da Ordem de Malta o seu 66º Grão-Mestre. A partir daí inicia-se a segunda parte de uma carreira brilhante.
Não tardou que o Grão-Vizir de Constantinopla, aproveitando uma revolta de prisioneiros na ilha, tentasse invadir a pequena ilha. Contudo, o génio de D. António mostrou as suas aguçadas capacidades militares e diplomáticas, através das quais não só conseguiu repelir o ataque, como forçou o Grão-Vizir a uma acordo vantajoso e reprimiu a revolta dos prisioneiros.
Estes e outros sucessos valeram-lhe a conquista do respeito de todos os seus contemporâneos, ficando amigo pessoal de Luís XVI e tendo recebido a mais alta distinção da Santa Sé: o estoque e o casco bentos.
Dentro da Ordem, iniciou um movimento de reestruturação e dinamização: aumenta a frota maltesa em cerca de 300 embarcações, passando estas a 1100 e manda erigir o Forte Manoel à entrada do porto de Marra Musset, que o fez conectar como uma enorme ponte ao seu homónimo do outro lado da entrada do porto, possibilitando uma melhor defesa e movimento da artilharia e infantaria. Noutro contexto, cria um novo bairro na cidade de
Durante o seu grão-mestrado, a frota maltesa manteve-se muito activa, recolhendo inúmeras riquezas dos seus saques e ataques a frotas muçulmanos, tendo mesmo bombardeado, sob ordem de D. António, a poderosa cidade de Tripoli, sua rival, reduzindo-a a escombros.
D. António de Vilhena morre em La Valleta a 10 de Dezembro de 1736, ficando recordado para sempre na memória dos malteses como um dos mais brilhantes e esclarecidos grão-mestres da Ordem de Malta.