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Aristides nasceu em Cabanas de Viriato, pequena vila do distrito de Viseu em 1885 e pertencia a uma família católica, conservadora e monárquica sendo mesmo o seu pai, membro do supremo tribunal.
Licenciou-se em direito ( como o seu irmão gémeo ) optando por uma carreira diplomática ( ao contrário do pai ) na Universidade de Coimbra.
Aristides instala-se em Lisboa em 1907 e ocupará deste modo diversas delegações consulares portuguesas pelo mundo fora: Zanzibar, Brasil, Estados Unidos da América.
Em 1929 é nomeado Cônsul-geral em Antuérpia, cargo que ocupa até 1938. O seu empenho na promoção da imagem de Portugal não passa despercebido. É muito bem condecorado por duas vezes por Leopoldo III, rei da Bélgica. Depois de quase 10 anos de serviço na Bélgica, Salazar, presidente do Conselho e ministro dos negócios estrangeiros, nomeia Sousa Mendes cônsul em Bordéus, França um lugar pouco atractivo. Em 1940, com 55 anos, ele aproxima-se do fim da sua carreira e é pai de 14 filhos.
Começa a Segunda Guerra Mundial, e as tropas de Adolf Hitler avançam rapidamente sobre a França e Salazar manteve a neutralidade de Portugal. Salazar ordena aos cônsules portugueses espalhados pelo mundo que recusem conferir vistos sem que cada processo fosse individualmente analisado em Portugal. Em 1940, o governo francês refugiou-se temporariamente na cidade, fugindo de Paris antes da chegada das tropas alemãs. Dezenas de milhar de refugiados que fogem do avanço Nazi dirigiram-se a Bordéus. Muitos reúnem-se em frente à embaixada crentes na compaixão do Cônsul desejando obter um viso de entrada para Portugal ou para os Estados Unidos. Este não resiste e decide desobedecer a ordens de Salazar e ele, com filhos e o sobrinho escrevem à mão cerca de 30.000 vistos com todas as folhas de papel disponíveis para salvar o máximo possível de refugiados das mãos nazis. Cita-se esta frase dita por ele: "Tenho de salvar estas pessoas, quantas eu puder. Se estou desobedecendo ordens, prefiro estar com Deus e contra os homens, que com os homens contra Deus”
Este seu feito viera-lhe a custar bem caro pois o resultado dessa magnífica ação foi ele ser chamado a Lisboa em desgraça, mas no caminho parou em Bayonne e escreveu mais vistos à mão, salvando assim outros mil refugiados. Quando chegou a Lisboa foi privado, Sousa Mendes, pai de uma família numerosa, do seu emprego diplomático por um ano, o seu salário é reduzido para metade antes de ser enviado para a reforma. Para além disso, Sousa Mendes perde o direito de exercer a profissão de advogado. A sua licença de condução, emitida no estrangeiro, é-lhe retirada.
O cônsul demitido e sua família sobrevivem graças à solidariedade da comunidade judaica de Lisboa, que facilitou a alguns dos seus filhos os estudos nos Estados Unidos. Dois dos seus filhos participaram no Desembarque da Normandia. Ele frequentou, juntamente com os seus familiares a cantina da assistência judaica internacional, onde fez impressão pelas suas ricas vestimentas e sua presença. Certo dia, teve de confirmar: "Nós também, nós somos refugiados".
A sua miséria será ainda maior: venda dos bens, morte de sua esposa em 1948, emigração dos seus filhos, com uma excepção.
Aristides de Sousa Mendes faleceu muito pobre a 3 de Abril de 1954 no hospital dos franciscanos em Lisboa. Não possuindo um fato próprio, foi enterrado numa túnica de franciscanos. Morreu sem dinheiro e na desgraça.
Homenagem póstuma
Em 1967, em Nova Iorque, o Yad Vashem, organização judaica para a recordação dos mártires e heróis do Holocausto em Israel, homenageia Aristides de Sousa Mendes com a sua mais alta distinção: uma medalha comemorativa com a inscrição do Talmud: "Quem salva uma vida humana é como se salvasse um mundo inteiro". A Censura salazarista impede que a imprensa portuguesa noticie o acontecimento.
Em Portugal, o caso "Sousa Mendes" só vem a público em 1976 com um artigo de Antônio Colaço no Diário Popular. Tema retomado em 1979 por Antônio Carvalho num outro artigo em A Capital.
Ainda em 1979 o Presidente Mário Soares concede, a título póstumo, a Ordem da Liberdade a Aristides de Sousa Mendes.
Em 1988, depois de muitas resistências do Antigamente infiltrado no Abril, a Assembleia da República e o Governo português, pressionados pelos filhos de Sousa Mendes e pelos americanos (entre estes o congressista Tony Coelho), finalmente procedem à reabilitação do Cônsul.
Hoje continuamos a precisar de "Aristídes", que lutam por um mundo melhor e mais justo para todos. Parafraseando o Talmud no monumento de Yad Vashem:
"Quem salva uma vida humana é como se salvasse um mundo inteiro".
Sofia Marques, nº25
9ºB 11.05.2006
Bibliografia:
http://www.uc.pt/iej/alunos/1998-99/asm/bografa.htm
http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/Aristides/home.html