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Quarta-feira, 5 de Abril de 2006

D. Sebastião, «O Desejado», por Inês Mota, 8º A

 

            D. João III morreu três anos depois de o neto nascer. D. Sebastião subiu ao trono apenas com três anos de idade! Claro que, sendo tão pequeno, não podia governar, mas não deixava por isso de ser ele o rei.


            Educado com excesso de mimo, habituado a ocupar o lugar de honra em todas as cerimónias desde os três anos de idade, saudado na rua, tratado com respeito e deferência em todas as situações, cresceu convencido de que Deus o fizera um ser excepcional, destinado a realizar façanhas especialíssimas. 


 

         D. Sebastião

 Na realidade, era apenas um rapaz doente, com ideias confusas, que vivia num ambiente austero e fanaticamente religioso. Na corte nunca havia festas nem bailes ou saraus. Assim, D. Sebastião não teve a oportunidade de desanuviar o espírito com brincadeiras e divertimentos próprios da sua idade. As suas únicas distracções eram equitação e caça.


            Mas até isso acabou por lhe ser vedado a intervalos regulares, por causa de uma doença estranha que se declarou quando ele tinha onze anos. Sofria de tonturas, desmaios, arrefecimento das pernas e outros sintomas muito desagradáveis.


            Esta debilidade física decerto contribuiu para o desinteresse total em relação a mulheres.


            Subiu ao trono com catorze anos, e a partia daí fizeram–se esforços para lhe arranjar noiva, mas nenhum casamento se concretizou.


            O jovem rei recusava-se a enfrentar os seus problemas pessoais. Detestava que se referissem à doença, não cumpria as ordens dos médicos, continuando, por exemplo, a andar de cavalo, o que lhe fazia muito mal. Da mesma forma, ignorava os problemas do reino, preferindo entregar-se a sonhos fantásticos acerca do seu destino.


            E não conhecia o País. Embora tenha feito várias viagens, ficou-se sempre pela zona centro e sul. No entanto, deslocou-se ao Norte de África, permanecendo em Ceuta e em Tânger, onde alardeou o seu desejo de lutar contra os infiéis e de ali fazer conquistas como os outros reis antes de si tinham feito.



 

             A Batalha de Alcácer-Quibir



            Quando surgiram conflitos entre dois chefes mouros no Norte de África, D. Sebastião considerou que chegara a altura de agir e ofereceu-se a um deles para o ajudar.


            Os mouros eram Mulei Mafamede e Mulei Moluco. O rei português aliou-se ao primeiro e pediu ao tio, Filipe II de Espanha, que participasse com ele na guerra. Este recusou. O projecto não agradava a Espanha nem a Portugal. Muitos nobres tentaram convencê-lo a desistir e o povo manifestava-se contra.


            Convencido de que o destino não lhe permitia falar, D. Sebastião proclamou alto e bom som que a expedição se faria mesmo que o País inteiro estivesse contra.


            Apesar de o País atravessar uma crise financeira grave, não olhou a despesas e preparou uma armada impressionante.


            Em 1578 o povo viu partir os navios na maior inquietação. Temia pela vida dos seus homens e pela vida do rei, que não deixava descendentes.


            O desembarque fez-se perto de Arzila, mas o grande encontro de tropas foi a noroeste de Alcacér Quibir. As tropas mouras eram superiores em número e contavam com uma cavalaria poderosa, que desnorteou o exército português. D. Sebastião queria comandar pessoalmente todos os movimentos, mas a verdade é que ele nem os seus chefes militares tinham experiência naquele tipo de guerra. As tropas esperavam ordens que não vinham, e gerou-se a maior das confusões. Mulei Moluco conseguiu separar o exército português em vários grupos e cortar-lhes a retirada.


            Na manhã de 4 de Agosto os portugueses afogaram-se num mar de sangue. Centenas de nobres e milhares de homens do povo deram a vida por uma causa louca. Muitos ficaram prisioneiros e só a troco de resgates altíssimos conseguiram ser libertados.


            Mulei Moluco desapareceu em combate, Muleiu Mafamede morreu afogado num rio e D. Sebastião desapareceu na areia do deserto entre os mortos e o seu cadáver nunca foi encontrado.


            O resultado e consequências desta batalha (também conhecida como a Batalha dos Três Reis) é catastrófico para Portugal. Morre o rei, D. Sebastião, não deixando sucessor, o que levanta uma crise dinástica e ameaça a independência de Portugal face a Castela, pois um dos candidatos à sucessão é Filipe II de Espanha. Filipe vem efectivamente a ascender ao trono em 1580, após a morte do Cardeal D. Henrique. A maioria da nobreza portuguesa que participara na batalha ou morreu ou foi aprisionada. Para pagar os elevados resgates exigidos pelos marroquinos, o país ficou enormemente endividado e empobrecido financeiramente.


 Inês Cardoso Mota, nº 8 / 8º A

publicado por António Luís Catarino às 14:36
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2 comentários:
De António Luís Catarino a 6 de Abril de 2006 às 00:04
Muito bem, Inês! Parabéns pelo teu trabalho tão bom sobre D. Sebastião e Alcácer-Quibir. Escreves como és: cuidadosa nas afirmações, equilibrada e rigorosa. Ora bem. A caracterização psicológica que fazes de D. Sebastião é de realçar. Mimado, convencido que tinha uma tarefa de Deus na Terra e fundamentalista, criou todas as situações indesejáveis para se afundar. e Portugal com ele, o que foi pior. Continua sempre. Cá te esperamos.

António Luís Catarino
De jogos mota a 9 de Agosto de 2011 às 22:09
Estou a ver uma serie postagems do teu blogue e tens muito orientação para a escrita, muitos parabéns, deves apostar nessa área :P

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