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Quarta-feira, 7 de Junho de 2006

Os Reformistas da Igreja, por Inês Pinto, 10ºG

Quando falamos em cristãos protestantes, a primeira personagem que nos vem à memória é Martinho Lutero, o monge agostinho alemão que, em Outubro de 1517, publicou as suas “95 Teses contra as Indulgências”. Contudo, este seu simples gesto que o celebrizou foi o acender do rastilho do barril de pólvora no qual a Cristandade se estava a transformar a Comunidade Cristã. Nesta época, os sacerdotes, em lugar de seguir a sua habitual conduta de amor, perdão, austeridade e modéstia, viviam como reis, a quem não faltavam todos os elementos necessários à desobediência aos preceitos cristãos. Lutero foi dos poucos que deram a cara pelo movimento “rebelde”contra a Igreja Católica. Contudo, antes dele, vários outros já se haviam insurgido na revolta, e talvez estes estivessem melhor preparados para assumir as rédeas da Igreja Protestante. Os mais conhecidos são João Wiclef, João Huss e o monge Savonarola.

            João Wiclef (1324-1384) foi chamado de “Estrela Alva da Reforma” devido à sua conduta. Era um metafísico e teólogo inglês, nascido em Richmond. Estudou no Colégio da Rainha, universidade de Oxónia, onde foi professor, escola que mais tarde defendeu contra as exigências dos monges mendicantes. Expulso da Universidade, tornou-se um importante vulto da Pré-Reforma e o maior adversário inglês do Primado Romano. Apoiou a recusa de Eduardo III de pagar as indulgências e rompeu com muitas das doutrinas da época. Quando o Papa Gregório XI, com as suas bulas, condenou dezanove das suas proposições, negou o poder excomungatório dos Papas. Os Concílios de Londres e de Oxónia (1382) condenaram vinte e quatro das suas proposições, contrárias à transubstanciação, purgatório, confissão obrigatória, crença nas boas obras, culto dos santos, veneração de relíquias, entre outras. O Concílio de Constança (1414-18) condenou quarenta e cinco das suas teses, presentes nos seus livros. Entre as suas obras destacam-se a tradução do “Vulgata” (leitura proibida em Oxónia em 1408), trezentos sermões escritos, “O Cisma dos Papas” (publicado aquando da morte de Gregório XI) e “A Verdade e o Significado das Leituras”. Apesar de ter sido considerado um grande prosador, os seus restos mortais foram exumados e queimados.

            Também João Huss (1370-1415) causou dores de cabeça à Igreja. Era checo: os seus pais eram camponeses, mas ele estudou na Universidade de Praga, sendo nomeado seu reitor em 1402. Huss leu os escritos de Wiclef e fez conferências sobre as suas obras. Defendeu as opiniões do teólogo inglês na escola e na igreja, fazendo renascer a obra do pensador devido aos seus extraordinários dotes de pregador. Contudo, não se livrou da acusação de heresia em 1403, sendo proibido de discutir as quarenta e cinco teses de Wiclef. Foi perseguido, com os seus discípulos, pela Igreja, em 1410. Quando João XXIII declarou, em 1411, guerra ao rei de Nápoles, prometendo indulgências aos voluntários, iniciou um debate contra as indulgências na universidade, aumentando a distância entre si e a Igreja. Em 1412 foi promulgada contra ele uma interdição papal, à qual Huss respondeu com a escrita do livro “Sobre a Igreja”. Nele defendia a criação de uma Igreja nacional e a comunhão sob as duas espécies (pão e vinho) não só para o clero como também para os leigos. Foi convocado, em 1414, para o Concílio de Constança, onde seria condenado à fogueira sob a acusação de heresia em 1415.

            Melhor sorte não teve Jerónimo Savonarola, monge dominicano italiano (1452-1498). Apesar de taciturno, tinha uma grande sensibilidade artística e amor pelo trabalho. As desordens e crimes da sociedade florentina, juntamente com o luxo da corte papal e um sermão ouvido a um monge agostinho levaram-no a tomar o hábito no convento de S.Domingos de Bolonha. Foi um distinto aluno da Universidade de Bolonha e ensinou Filosofia no seu convento. Começou a renunciar às ideias cristãs, pregando, em 1485, que a Igreja seria condenada, mas que lhe seguiria a renovação. Foi para S.Marcos de Florença em 1489, onde se dedicou primeiro ao ensino e depois à explicação do “Apocalipse”. O seu auditório cresceu e, em 1491, teve de pregar na Catedral, iniciando uma grande hostilidade contra os Médicis. Foi eleito prior em 1491, mas não visitou a família Médicis nesta ocasião, tal como era costume. Lourenço Médicis tentou desacreditá-lo aos olhos do povo, sem sucesso. O Papa Alexandre VI manteve, no início do seu pontificado, boas relações com Savonarola, concedendo-lhe autoridade sobre a Congregação de S. Marcos. Savonarola foi eleito vigário-geral desta em 1494 e começou a exercer sobre ela as suas ideias reformistas: exigiu pobreza absoluta e trabalho manual para gerar recursos. Criou escolas de escultura, pintura, entre outras; desenvolveu o nível dos estudos e escreveu livros para a biblioteca de S. Marcos. Em todos os seus princípios religiosos procurava o ideal do santo fundador. Na Quaresma de 1493 expôs a doutrina de S. Tomás e combateu os prelados; na Quaresma seguinte anunciou o castigo que a Itália receberia em paga dos seus crimes. Quando o Papa, de quem era amigo, quis a retirada dos franceses de Itália e o regresso da família Médicis que, entretanto, havia sido expulsa de Florença, Savonarola revoltou-se contra ele, revelando todos os seus vícios e loucuras para quem o quisesse ouvir. O Papa convocou-o para comparecer em Roma, o que ele não fez e, no ano seguinte, ao receber nova ordem de comparecência em Roma e de suspensão das suas pregações, não obedeceu. Em resposta deu três sermões na catedral que arruinaram Pedro de Médicis e irritaram ainda mais o Papa. Ao ser novamente convocado, Savonarola obedeceu. O Papa autorizou-o a pregar na Quaresma de 1497, mas, ao pregar contra os escândalos da sociedade romana, foi destituído da sua Congregação. Ao que parece, foi excomungado nesta época (não há provas). Alexandre VI deu-lhe novamente autorização para pregar, mas influências exteriores fizeram-no retirar a autorização. O Papa enviou então várias cartas a príncipes estrangeiros, tentando reunir um Concílio, mas apenas uma das cartas chegou ao seu destino. Contudo, foi suficiente para apressar a morte de Savonarola. Este, juntamente com dois discípulos, Domingos de Pescia e Silvestre Marufti foram condenados, enforcados e queimados. Em memória do monge, os seguidores de Savonarola tentaram seguir os ensinamentos deste, mas com prudência, pois Alexandre VI ainda vivia. Com a morte deste, Savonarola passou a ser venerado e mesmo foram-lhe atribuídos vários milagres.

            Estes três Homens foram, de certo modo, os que prepararam o terreno para Lutero avançar na conquista protestante. Apesar de considerados bandidos pelos cristãos católicos, foram venerados como deuses pelos seus seguidores e tiveram grande importância na formação da mente protestante.

publicado por António Luís Catarino às 10:18
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De António Luís Catarino a 7 de Junho de 2006 às 10:38
Cara Inês: quando estou a pensar que estão cansados/as, fartas de estudar e de aprender, enfim porque se aproximam as férias, está calor e as coisas já puxam para a praia e para a despedida, sou surpreendido por estes trabalhos que demosntram seriedade, honestidade e interesse. Com alunos destes estou condenado á felicidade o que será difícil conseguir na educação, nos tempos que correm. Parabéns, para a análise que fazes de Johann Huss e de Wicliff que não se podem considerar meros bandidos como forma durante anos considerados. A tua posição é, quanto a mim, a mais correcta: é que são estes homens que, pelo seu radicalismo monástico e envoltos no tal ideal de pobreza cristã, vão abrir caminho para a efectiva reforma da Igreja. Mas também à sua divisão que perdura até hoje. Provavelmente, destes três homens, a figura de Lutero é a mais vulgar e a menos interessante de estudar (actividade de que não gostas nada, diga-se!). Muitos parabéns, portanto. Acrescento uma imagem de um professor babado:
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